Cajuru ardeu em chamas como nunca se viu na história
Animais, florestas, plantações, edificações e até pessoas foram atingidas pelo fogo
Da redação
Fogo para todo lado, assim ficou marcada a última semana do mês de agosto deste ano em nosso município e em toda região. Um prejuízo incalculável para o meio ambiente com várias reservas de matas atingidas, para os fazendeiros que tiveram suas pastagens, plantações e dezenas de animais, principalmente bovinos que morreram queimados, sede de fazendas que também foram atingidas pelas chamas e, por final, pessoas que tiveram parte do corpo queimada; e a população de maneira geral que foi obrigada a respirar fumaça e partículas de fuligem com a umidade de ar mais baixa das últimas décadas durante vários dias e noites.
A última grande onda de queimadas ocorreu em 2021 e, assim como naquela ocasião, de repente, os focos começaram a surgir em vários pontos da zona rural do município e o que mais impressiona é que tudo aconteceu praticamente simultaneamente. Sem dúvida alguma, este foi o evento mais danoso que presenciamos em nosso município e região que está ligado ao desequilíbrio climático, daí a importância de fazermos este registro histórico e ao mesmo tempo difundir a necessidade nos preparar na tentativa de amenizar os problemas que ainda estão por vir.
Aos poucos conforme a necessidade exigia, várias forças tarefas iam se formando através de funcionários das fazendas e voluntários, Defesa Civil, Guarda Municipal além do apoio dos caminhões pipas. Infelizmente num determinado momento, a quantidade de focos era tão grande e avassaladora, tornando impossível o combate eficaz. O fogo tinha a seu favor a secura da vegetação, há mais de três meses sem chuva e ventos acima de 70 quilômetros por horas e a cidade foi totalmente tomada pela fumaça. De acordo com depoimentos de pessoas que atuaram no combate, o vento levava fagulhas para longas distâncias que ao tocarem no solo já se transformavam em novos focos e se espalhavam sucessivamente com muita força.
Da forma como tudo aconteceu tanto na região como também em todo estado de São Paulo, as suspeitas das autoridades policiais é de que tratou-se de ações planejadas e coordenadas e vários suspeitos de atear fogo (14 pessoas no total) já foram presos em flagrante, incluindo um morador de Batatais e outro de Santo Antônio da Alegria.
De acordo com o coordenador da Defesa Civil e comandante da Guarda Civil Municipal de Cajuru, Sidnei Carvalho, mesmo com todo esforço concentrado no combate, houve momentos em que as chamas chegavam a atingir entre 10 e 15 metros de altura fortalecidas pela incrível força dos ventos de 70 quilômetros.
Um dos maiores focos teve início por volta das 12 horas na região da Graciosa, com a vegetação muito seca foi ganhando força e o vento conduziu as chamas inicialmente na direção da fazenda Chaparral da família Palma, que ao atingir a sede, os rastros da destruição foi de assustar. Árvores em torno de 15 metros ficaram totalmente queimadas e a casa principal da sede só não foi destruída graças à coragem de José Roberto que encarou as labaredas utilizando baldes de água mas, como consequência, teve parte do corpo queimado. Na Chaparral, a pequena capelinha não resistiu à alta temperatura, com isso o teto caiu por completo. E a violência do fogo não parou por aí, o paiol, o galinheiro, o barracão, vários postes de madeira que conduziam os fios de energia ficaram totalmente queimados e inutilizados inclusive o transformador. Até as caixas d’água espalhadas em vários pontos da sede também foram destruídas, inclusive os canos enterrados no chão derreteram com a alta temperatura. Em seguida o mesmo fogo enveredou em direção à vizinha fazenda São Francisco, propriedade de Ferrúcio Vicentini, onde os prejuízos também foram imensos, inclusive com a morte de muitos animais. Outras dezenas de propriedades agrícolas nas mais deferentes regiões do município também foram atingidas com registros de grandes prejuízos, e em todos os casos, nem mesmo as cercas de arame ficaram em pé.